quinta-feira, 22 de julho de 2010

Roman Polanski - The Ghost Writer 2010





Com todos os empecilhos judiciais que ainda enfrenta Polanski consegue fazer um de seus melhores filmes e um dos melhores do ano. Seco, direto e divertido o filme reúne elementos de um diretor maduro e reconhecido no Festival de Berlim (2010).
O filme se passa em Londres e nos EUA e mesmo sem poder filmar lá as locações usadas na Europa foram meticulosamente escolhidas para mostrar o clima e a atmosfera fria e nublada onde se passa a história. A trama envolve a ligação do ex primeiro ministro britânico(Brosnan) com a CIA e toda a máquina bélica de vendas de armas para a guerra no oriente médio. Ethan Hawke seu escritor acaba virando um detetive semi-noir
e se envolve em descobertas muito bem filmadas e com planos milimetrados do diretor de fotografia Pawel Edelman que trabalha também com Andrzej Wajda.
Pawel Edelman consegue criar um clima asséptico e sombrio como pano de fundo para o desenrolar da narrativa.
O roteiro é do ex-repórter de televisão inglês Robert Harris que acompanhou a história política na Inglaterra nesta década e conseguiu escrever um livro super atual principalmente nas implicações de política internacional. Polanski dirige o filme magistralmente e não há deslizes ...... não lembro de nenhum filme nos últimos anos em que a narrativa flui como no filme de Polanski. É um filme clássico moderno onde o pen drive e o GPS acabam aparecendo na narrativa. Propositalmente uma série de elementos do filme tem relação com a vida de Polanski. O escritor e o ex primeiro ministro ficam isolados numa casa numa ilha maravilhosa. Reparem nos planos filmados de dentro para fora da casa mostrando o isolamento e o distanciamento com o mundo exterior que Polanski consegue mostrar. Todos da casa só tem acesso ao mundo pela perversa imprensa (TV) e por ligações de celular. Aliás imprensa esta que Polanski considera vilã desde a cobertura do assassinato da sua primeira mulher Sharon Tate que estava grávida em 69. Em 1977/78 a imprensa teve um papel negativo na vida de Polanski quando ela se incumbiu de armar um circo midiático no julgamento de seu envolvimento com a menina de 13 anos, que pediu perdão pública em 97. A obsessão do juiz do caso em ser um macaquinho da mídia é muito bem retratada no documentário "Wanted and Desired" de Marina Zenovich (2008).
Por essas e outras " O Escritor Fantasma" é um belo filme, com um desfecho lindamente feito para qualquer cinéfilo se arrepiar. Prestem atenção nos últimos 5 minutos do filme.

2 comentários:

Anônimo disse...

Guappo,

este é pra você!
Filme incrível e premiado, O Retorno
(Vozvrashcheniye, 2003)passou despercebido pela crítica.
Veja e depois dê as suas impressões!
Merece ser visto com respeito.

Abraço

Anônimo disse...

é esse filme é super bom.....
vai aí uma outra dica de filme sobre relação pais e filhos
"35 doses de rum" da diretora francesa Claire Denis (ex- assistente de Wim Wenders).
abraços guappo