terça-feira, 17 de novembro de 2009

Almodóvar - Abraços Partidos



No ótimo Los abrazos rotos (2009) Almodóvar mostra maturidade fazendo um filme cheio de referências cinematográficas e narrativas elípticas.
Basicamente conta a história de um roteirista de cinema Mateo Blanco / Harry Caine (Lluís Homar) e sua paixão louca por Lena (Penélope Cruz).
Todos os clichês e todas as soluções narrativas para os filmes já estão se esgotando, mas Almodóvar renova as espectativas e mostra que é um dos melhores diretores do cinema em ação hoje em dia. Ao contrário do que muitos comentários e opiniões sobre o filme indicam acho que este não é um Almodovar menor e sim um filme que está entre os melhores de sua carreira. Acho genial como em 2 horas Almodovar tece comentários sobre a vida de dezenas de personagens numa linguagem ágil e muito particular. As referências não são só dos filmes citados mas o filme tem uma série de artifícios que já foram muito usados como por exemplo a narração em voice-over como ligação entre os planos. O que poderia ser um mero melodrama ganha proporções estéticas que só vi em filmes do diretor Douglas Sirk. Claro que os filmes citados como Viagem á Itália de Rossellini e Ascensor Para o Cadafalso de Louis Malle mostram que Almodóvar fez a lição de casa. Quando o filho do amante de Lena Ernesto Martel jr(Rubén Ochandiano) realiza um documentário espionando o casal penso muito num Fritz Lang (Mabuse) ou num Hitchcock Almodovariano.
A menção do próprio cinema de Almodovar está presente no filme que é montado e revive "Mulheres á beira de um ataque de nervos" e "De Salto Alto".
Quando o femme-fatale masculino Ernesto Martel (José Luis Gómez) empurra Penélope Cruz escada abaixo volto com a lembrança de uma cena do ótimo noir
"The Kiss of Death"(47) de(Henry Hathaway),onde Richard Widmark empurra uma mulher na cadeira de rodas.
Para a cena do acidente de carro talvez Almodovar tenha visto os filmes que o ótimo Rodrigo Prieto fotografou como "Amores Perros" e "21 gramas".
Penélope Cruz está ótima e linda no filme fazendo uma bela cena onde fotografa ao estilo Audrey Hepburn.
O flashback do filme é o flashback de tudo o que Almodovar viveu com o cinema e este filme entra para embelezar ainda mais sua bela filmografia.
Este certamente é o Matchpoint(Woody Allen) de Almodóvar e mostra que ele está com fôlego total.

Um comentário:

Anônimo disse...

Texto blazé, feito de cineasta para cineasta, onde nada se entende a não ser que o leitor, diferente de Almodovar, não fez a lição de casa....